Sonhos Elétricos: A Arte e a Tecnologia Antes da Internet na Tate Modern, Londres

Samia Halaby Fold 2 1988, still from kinetic painting coded on an Amiga computer. Tate © Courtesy the artist and Sfeir-Semler Gallery, Beirut / Hamburg
Lisbeth Thalberg
Lisbeth Thalberg

Este outono, a Tate Modern celebrará os primeiros inovadores da arte óptica, cinética, programada e digital, que forjaram uma nova era de ambientes imersivos e obras de arte que interagem com novas tecnologias. Electric Dreams reunirá uma rede internacional de mais de 70 artistas que trabalharam entre os anos 1950 e o surgimento da era da internet, que encontraram inspiração na ciência para criar arte que expande e testa os sentidos. Essas figuras pioneiras da Ásia, Europa e Américas responderam à crescente presença da tecnologia em nossas vidas encontrando novas maneiras de trabalhar com máquinas – muitas vezes recuperando-as dos interesses militares e corporativos que impulsionaram sua evolução. A exibição, que traz mais de 150 trabalhos, muitos dos quais são mostrados no Reino Unido pela primeira vez, será uma oportunidade rara de experimentar a incrível arte vintage de tecnologia em ação – desde instalações psicodélicas deslumbrantes até experimentos iniciais feitos com computadores domésticos e sintetizadores de vídeo.

Electric Dreams explorará como os artistas utilizaram ferramentas de ponta para expandir os horizontes culturais e imaginar o futuro em que agora estamos vivendo. Instalações imersivas serão apresentadas ao longo da mostra, trazendo à vida experimentos radicais com luz ao longo de cinco décadas. Filmes do icônico “Electric Dress” 1957 da artista japonesa Atsuko Tanaka do grupo Gutai serão mostrados ao lado de suas impressionantes ilustrações em formato de circuitos. O “Light Room (Jena)” do artista alemão Otto Piene cercará os espectadores com um contínuo ‘balé’ de luz, enquanto o fascinante “Chromointerferent Environment 1974-2009” do artista venezuelano Carlos Cruz Diez usa projeções móveis para criar uma intrigante rede de linhas coloridas que desafiam nossas percepções de cor e espaço.

Os trabalhos serão entrelaçados com uma série de salas coletivas que reunirão artistas de exposições históricas importantes, destacando seus interesses compartilhados em abstração, cinetismo, percepção, teoria da informação e cibernética. Entre eles estão os primeiros espetáculos organizados pelo ZERO – um grupo alemão fundado nos anos 50 por Heinz Mack e Otto Piene, bem como a influente série de exposições ‘New Tendencies’ dos anos 60, que consolidou Zagreb como um epicentro da arte cinética e digital.

A exposição culminará com algumas das primeiras experiências artísticas em realidade virtual que abriram o caminho para as tecnologias digitais imersivas de hoje. “Liquid Views” 1992, uma instalação interativa de Monika Fleischmann e Wolfgang Strauss, convida os visitantes a brincar com a imagem ‘refletida’ numa tela sensível ao toque que age como uma poça de água digital, enquanto o vídeo “Inherent Rights, Vision Rights” 1992 do artista canadense da Primeira Nação Lawrence Paul Yuxweluptun transportará os visitantes para um ambiente virtual simulando visões místicas.

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Jornalista e artista (fotógrafo). Editor da secção de arte da MCM.
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